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Relação entre diarreia infantil e hospitalização por desidratação

Relação entre diarreia infantil e hospitalização por desidratação

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RESUMO

OBJETIVO: Traçar o perfil epidemiológico e a relação entre diarreia infantil e hospitalização por desidratação.

MÉTODOS:Trata-se de estudo retrospectivo, descritivo, de abordagem quantitativa. A população estudada correspondeu a crianças que geraram notificação por diarreia e/ou hospitalização por desidrataçãono Estado do Tocantins, entre 2010 e 2015. A informação foi extraída do banco de dados do Departamento de Informática

do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) disponibilizadospelo Ministério da Saúde. RESULTADOS: Entre os anos de 2010 a 2015, foram registrados 82.973 casos de crianças com diarreia no Tocantins. Já o número de internações infantis por desidratação neste período totalizou 1.851. A prevalência média no período analisado foi de 1.382 casos de diarreia infantil por mês, com 31 registros de internações por desidratação infantilmensais. Em todos os anos estudados, a incidência foi aumenta-
da entre junho e setembro, com acréscimo de até 50% em casosde diarreia e 185% em internações. Em geral, os parâmetros relacionados ao número de casos de diarreia em crianças e aonúmero de hospitalização por desidratação seguiram comportamentos associados, o que reforçou uma relação causal entre eles.

CONCLUSÃO: O Tocantins apresentou destaque, em nívelnacional, em relação a casos de desidratação e mortalidade infantil no período de 2010 e 2015. Por ser tão relevante na morbimortalidade infantil, a revisão de políticas públicas é urgente,com foco na prevenção e na terapêutica efetivas da diarreia e da desidratação infantis.

INTRODUÇÃO
A diarreia é definida como eliminação súbita de fezes com conteúdo líquido acima do habitual, associada a aumento do número de evacuações.(1) Pode ser acompanhada de náuseas, vômitos, febre e dores abdominais. Geralmente é autolimitada, com duração de 2 a 14 dias.(2) A história clínica, associada com ossinais e os sintomas clínicos, e o exame físico direcionam a suspeita do agente etiológico. A frequência dos agentes etiológicosapresenta variações regionais e sazonais, bem como nas diferentes faixas etárias.(3)

O grupo etário mais vulnerável às diarreias no Brasil são crianças de zero a 5 anos de idade.(4) Nesta faixa etária, as crianças com maior risco de desenvolverem a doença são as maisjovens (lactentes e menores de 1 ano) e as mais suscetíveis aoquadro persistente de diarreia.(5) Suas consequências fisiopatológicas mais graves são a desidratação e a desnutrição, com problemas no desenvolvimento pôndero-estatural e intelectual,(6) além de aumentar as infecções sistêmicas, o tempo dehospitalização e os óbitos.(5)

A morbimortalidade por diarreia infantil está condicionada principalmente ao baixo nível socioeconômico da população, sendo este um dos principais fatores, que influencia nas condições de saneamento básico precário e no comportamentohigiênico pessoal e doméstico insatisfatório.(7) Sabe-se que a Região Norte possui a maior parte da Floresta Amazônica, tema menor densidade populacional (3,9 pessoas por km2 ) e é a segunda região mais pobre do país, depois da Região Nordeste, com elevada proporção de residências sem coleta de lixo e com esgotamento sanitário a céu aberto.(8,9) Em consequência disso, nota-se que, no Brasil, apesar de os dados oficiais apontarem
para a queda da mortalidade em menores de 5 anos, as Regiões Norte e Nordeste concentram a maioria dos óbitos.(10)

Diante do quadro exposto, particularmente na infância, são fundamentais a formulação, a implementação e a avaliação de políticas públicas, de acordo com as condições socioeconômicas de cada região, pois, em tais situações de desigualdade, fazem-se necessárias intervenções diferenciadas.

O objetivo deste trabalho foi Traçar o perfil epidemiológico e a relação entre diarreia infantil e hospitalização por desidratação.

MÉTODOS
Trata-se de estudo epidemiológico, descritivo, retrospectivo,de abordagem quantitativa. A população estudada correspondeu a crianças menores de 5 anos que geraram notificação pordiarreia infantil e/ou hospitalização por desidratação em Palmas (TO), de 2010 a 2015.

Os dados foram extraídos do banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS)e do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN),disponibilizados pelo Ministério da Saúde. As variáveis analisadas foram faixa etária, mês da notificação e/ou internação pordesidratação infantil.
Realizou-se download dos dados em formato de planilhas do Microsoft Office Excel 2016, versão 7, disponíveis on-line nosite do DATASUS, os quais não estão ligados à pesquisa individual. Desta forma, o estudo se isentou do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS
Nos anos de 2010 a 2015, foram registrados 82.973 casos de crianças com diarreia no Estado do Tocantins, com média mensal correspondente a aproximadamente 1.382 casos nesse período.

O número de notificações por diarreia decresceu apenas nos anos de 2014 e 2015. A variação por ano foi muito significativa, e a menor incidência de casos de diarreia infantil observada foi no ano de 2015 (8.293); a maior foi no ano de 2010 (20.976). Já o número de internações infantis por desidratação, nesteperíodo, totalizou 1.851. A prevalência média no período analisado foi de 1.382 casos de diarreia infantil por mês, com 31registros de internações por desidratação infantil em cada mês.

Em todos os anos estudados, a incidência aumentou entrejunho e setembro, com acréscimo de até 50% em casos de diarreia e 185% em internações. Em geral, parâmetros relacionadoscom o número de casos de diarreia em crianças e o número de sua hospitalização por desidratação seguiram comportamentos associados, o que reforça uma relação causal entre eles.

Todavia, houve aumento de casos de desidratação de outubro a dezembro, sem que existissem relativas alterações no número de casos de diarreia infantil, o que poderia ser explicadopelo clima da cidade, com meses mais secos e importante declínio na umidade relativa do ar nesse trimestre.

DISCUSSÃO

A diarreia, manifestação comum de doenças infecciosas intestinais, ainda se apresenta como uma das principais causas de mortalidade infantil nos países em desenvolvimento, por envolver,de forma direta ou indireta, um complexo de fatores de ordem ambiental, nutricional, social, econômica e cultural.(11) Embora seja um problema médico importante em países de baixa renda, mesmo nos Estados Unidos e em outros países de renda elevada,
as diarreias são importantes causas de atendimento médico.(12)

Na infância, a diarreia é uma das causas mais importantes de morbimortalidade. Existem fatores que podem contribuir para infecção intestinal e, principalmente, para a etiologia bacteriana.

São eles: a idade reduzida; as deficiências nutricionais; as práticas inadequadas de higiene física e alimentar; a aglomeraçãodomiciliar e institucional; a ausência de saneamento básico; o acesso à água contaminada; e os períodos quentes do ano.(13,14)

Em comparação com o resto do país, a Região Norte foi a segunda em casos de desidratação infantil até o ano de 2014, com taxa de mortalidade infantil de 12,3% (maior que a média nacional, de 1,45%). A diarreia é a principal causa evitável de mortalidade em crianças menores de 5 anos no Norte, chegando a 45% das causas evitáveis, que somam 69,69% das causas de mortalidade infantil.(10,15)

Estas taxas podem ser atribuídas à deficiente cobertura daassistência médica nestas populações e também à falta de confiança dos profissionais de saúde no tratamento com terapia dereposição oral (TRO), pois apenas 46,2% deles prescreveram TRO a seus pacientes com diarréia aguda. Ainda, o acesso precário a serviços de saúde é agravado pela falta de instituição de umtratamento adequado em tempo hábil, em muitos casos.(10,15,16)

CONCLUSÃO

As diarreias continuam muito frequentes no território brasileiro, acometendo principalmente as crianças menores de 5anos. Ela têm levado os pacientes para o atendimento antes de apresentarem desidratação grave e guardam relação temporal com as condições ambientais.

O Tocantins apresenta destaque, em nível nacional, em relação a casos de desidratação e mortalidade infantil no período de2010 e 2015. Por ser tão relevante, na morbimortalidade infantil, a revisão de políticas públicas é urgente, com foco na prevenção e na terapêutica efetivas da diarreia e da desidratação infantil.

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